Meditação à beira de um poema

"Podei a roseira no momento certo e viajei muitos dias,
aprendendo de vez que se deve esperar biblicamente
pela hora das coisas.
Quando abri a janela, vi-a, como nunca a vira
constelada.
Os botões, alguns já com rosa-pálido
espiando entre as sépalas,
jóias vivas em pencas.

Minha dor nas costas,
meu desaponto com os limites do tempo,
o grande esforço para que me entendam
pulverizam-se diante do recorrente milagre.
Maravilhosas faziam-se as cíclicas perecíveis rosas.
Ninguém me demoverá do que de repente soube
à margem dos edifícios da razão:
a misericórdia está intacta,
vagalhões de cobiça,
punhos fechados,
altissonantes iras,
nada impede ouro de corolas
e acreditai: perfumes.
Só porque é setembro..."


(Adélia Prado)

- clique no título para assistir ao vídeo -

Postagens mais visitadas deste blog

Sermão do Mandato - Padre Antônio Vieira

Escutatório

AS RAZÕES DO AMOR- RUBEM ALVES