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Mostrando postagens de 2013

Tristeza

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Você, que diz que, se pudesse, trocaria seu nome por melancolia, você me pergunta sobre as razões da tristeza. Me pergunta mais: sobre as razões por que há pessoas que se emocionam com coisas pequenas - as outras nem ligam e até riem da sua sensibilidade -, o que lhe dá uma tristeza ainda maior, a tristeza da solidão. Olhe, há tristezas de dois tipos. Primeiro, são as tristezas diurnas, quando o mundo está iluminado pelo sol. Tristezas para as quais há razões. Fico triste porque o meu cãozinho morreu, porque meu filho está doente, porque crianças esfarrapadas e magras me pedem uma moedinha no semáforo, porque o amor se desfez. Para essas tristezas há razões. Quem não sente essas tristezas está doente e precisaria de terapia para aprender a ficar triste. Tristeza é parte da vida. Ela é reação natural da alma diante da perda de algo que se ama. O mundo está luminoso e claro - mas há algo, uma perda, que faz tudo ficar triste. Segundo, são as tristezas de crepúsculo. O crepúscu

COISAS QUE NÃO PRECISO PARA SER FELIZ!

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Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelos produz felicidade?' Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'. Comemorei: 'Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...' 'Que tanta coisa?', perguntei. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa degarota robotizada. Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação! Estamos construindo super-homens e super mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados. Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de gin

ERÓTICA É A ALMA!

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Adélia Prado certa vez escreveu: "Erótica é a alma". Além de poética, a frase é redentora, pois alivia o peso da sensualidade a qualquer custo, a busca desenfreada pela juventude perdida, a corrida pelos últimos lançamentos da indústria cosmética. E nos autoriza a cuidar mais da alma, a viajar pro interior, a descobrir o que nos completa. Pois se os olhos são as janelas da alma, de que adianta levantar pálpebras se descortinam um olhar de súplica? Erótica é a alma que se diverte, que se perdoa, que ri de si mesma e faz as pazes com sua história. Que usa a espontaneidade pra ser sensual, que se despe de preconceitos, intolerâncias, desafetos. Erótica é a alma que aceita a passagem do tempo com leveza e conserva o bom humor apesar dos vincos em torno dos olhos e o código de barras acima dos lábios; erótica é a alma que não esconde seus defeitos, que não se culpa pela passagem do tempo. Erótica é a alma que aceita suas dores, atravessa seu deserto e ama sem pudores
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Aniversário! Minha mãe me ensinou que não é polido perguntar às pessoas sobre a sua idade. Eu lhe perguntei por quê, mas ela não soube me explicar as razões. Nunca consegui entender esta regra da etiqueta pois não podia ver mal algum em querer saber sobre os anos de vida que uma pessoa acumulou. Foi só há umas poucas semanas que compreendi as boas razões que se escondem atrás deste tabu. E que qualquer que seja a resposta, ela é sempre mentirosa. Mesmo quando a conta está certa. Pois é assim que se obtém a resposta: somando os anos que já se passaram do ano do meu nascimento até o ano em que estou vivendo. Se digo que tenho 58 anos, este número é obtido pela soma, um a um, dos anos que vão do dia do meu nascimento, em 1933, até hoje. A conta está certa, mas a resposta está errada. Pois 58 anos são, precisamente, os anos que eu não tenho. 58 são os anos que já se passaram, anos mergulhados no passado, anos com que não posso mais contar, anos que já se queimaram e que não mais s